LOGÍSTICA REVERSA

Apesar das tentativas do governo de criar políticas para cuidar do problema do lixo urbano, estudos apontam que mais de 40% dos detritos descartados nas cidades têm destino inadequado. Além disso, estima-se que o volume de resíduos gerado cresceu cerca de 30%.

A gestão ineficiente do lixo provoca uma série de danos para o meio ambiente e também para a qualidade de vida das pessoas. O excesso de resíduos tóxicos compromete a fauna e a flora das regiões e ainda contamina o solo, as águas e o ar, transmitindo doenças.

Na medida em que o número de habitantes nos grandes centros aumenta, mais desafiador o problema de administrar o lixo fica. Nesse contexto, surge o conceito de logística reversa — um processo que responsabiliza também as empresas produtoras pelo ciclo de vida dos produtos que fornece, viabilizando um descarte adequado para os itens.

Com base nesse recurso, as empresas têm a oportunidade de fazer bem ao planeta e reforçar a imagem positiva de sua marca como uma organização sustentável.

O que é logística reversa: entenda o conceito

O processo de logística reversa compartilha a responsabilidade do paradeiro dos resíduos com os consumidores e com as empresas. Assim, os empreendimentos também devem buscar meios de participar das etapas de devolução, reciclagem e destinação ambiental correta de produtos descartados.

Em 2010, o governo criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), presente na Lei 12.305/10 — que define diretrizes e princípios relativos à gestão de resíduos e aborda a noção de logística reversa.

No conceito clássico de logística, as empresas precisam cuidar para que o transporte de cargas seja realizado com o máximo de eficiência e menor custo possível.

Por outro lado, na logística reversa, as organizações precisam fazer com que os resíduos retornem à sua origem para serem reaproveitados ou, no caso de itens que não podem ser reciclados, sejam descartados de forma ambientalmente adequada.

Uma empresa pode se beneficiar muito ao adotar a logística reversa e implementar uma política de reutilização de materiais. Contudo, é preciso lembrar que para alguns setores esse procedimento é obrigatório por lei. Esse é o caso de indústrias, importadores, distribuidores e vendedores de:

  • óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
  • agrotóxicos;
  • pilhas e baterias;
  • pneus;
  • eletroeletrônicos e seus componentes;
  • lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio, e de luz mista.

Dessa maneira, se sua empresa comercializa algum desses itens, precisa incorporar estratégias para poder recolher os produtos, suas embalagens e peças, o que inclui disponibilizar pontos de coleta e procedimentos para lidar com os descartes.

Etapas da logística reversa

São três as etapas básicas da logística reversa, que podem acontecer tanto na fase de pós-venda como na de pós-consumo. Confira:

Em primeiro lugar, o consumidor devolve o item, sua embalagem ou alguma peça relacionada ao mesmo para o/a comerciante/distribuidora.

O varejista ou distribuidor se encarrega de remeter os resíduos para o fabricante ou importador.

Por fim, o fabricante ou importador cuida de encaminhar os materiais recolhidos para reúso, reciclagem ou descarte apropriado.

O pós-venda

No pós-venda, os produtos retornam à cadeia de distribuição quando nem mesmo foram usados pelo cliente. Situações como recall, erros na emissão dos pedidos, itens com defeito de fabricação ou até mesmo avarias provocadas durante o transporte são exemplos dessa etapa.

Assim, a empresa precisa responder o cliente e planejar o recolhimento ou encaminhamento desses produtos. A logística reversa no pós-venda tem impactos, por exemplo, no controle do estoque e em todas as estratégias traçadas para o fluxo de materiais em uma organização. Nessa fase, o item pode sofrer ajustes ou melhorias e voltar ao mercado.

O pós-consumo

O momento de pós-consumo é o mais corriqueiro, quando o item foi usado e posteriormente descartado pelo cliente. Isso pode acontecer por vários motivos, como a expiração da data de validade ou o término da vida útil do produto.

Assim como na etapa anterior, a empresa precisa se preparar para receber itens e encaminhá-los devidamente. Os materiais podem ser desmembrados, reciclados e, assim, retornar ao ciclo produtivo para serem reinseridos no mercado ou, caso isso não seja viável, devem ser descartados adequadamente.

Como aplicar o processo na organização

Primeiramente, para que a implantação da logística reversa seja feita com sucesso em uma organização, é imprescindível que a empresa conheça a fundo a natureza bem como a cadeia de todos os insumos utilizados em sua produção.

Dessa forma, é possível elaborar um plano que descreva detalhadamente o ciclo de vida de cada produto e também todos os procedimentos necessários para o tratamento dos resíduos. Feito isso, uma empresa pode escolher diversas formas para implantar a logística reversa em suas operações.

Coletar e reutilizar são as práticas mais comuns. Todavia, é preciso ressaltar que a instituição não é obrigada a reciclar seu próprio lixo e utilizá-lo na fabricação de novos itens; ela apenas precisa garantir que os resíduos tenham um novo uso ou sejam descartados corretamente, mesmo fora de sua cadeia logística.

Um modelo de estratégia para logística reversa é firmar parcerias com cooperativas. Uma indústria de pneus pode recolher os itens e encaminhá-los para um empreendimento parceiro que reaproveite esse material para fazer solas, pisos ou vedações, por exemplo.

Assim, para aplicar essa ideia com sucesso na sua empresa, você deve considerar os seguintes aspectos:

1. Política de trocas e devoluções

Estabeleça uma política clara para que clientes saibam como e quando podem retornar um produto. Considere prazos e condições que respeitem os direitos do consumidor.

2. Atendimento ao cliente eficiente

A empresa precisa criar um sistema de atendimento, como um SAC, que possa solucionar dúvidas dos consumidores a respeito de situações de trocas ou devoluções. Esse fator é essencial para organização e satisfação dos clientes, que se sentem assistidos de forma correta.

3. Protocolo para retorno de materiais

Ao passo que a política de trocas de devoluções orienta o cliente sobre como realizar esses procedimentos, o protocolo é voltado para o público interno. Os colaboradores da empresa também precisam de diretrizes para saber efetivamente o que fazer e que etapas devem ser cumpridas para realizar o processo.

4. Controle financeiro e de estoque

As políticas de trocas e devoluções afetam o fluxo de caixa e os níveis de estoque de uma empresa. Afinal, se o cliente solicitar o retorno de um produto, ele precisa ser reembolsado.

Da mesma forma, no caso de troca, é necessário providenciar outro item. Isso significa que a instituição precisa se preparar tanto para ressarcir o consumidor monetariamente quanto dispor de um volume mínimo de estoque para realizar substituições.

Agora que você entende melhor o que é logística reversa, é só colocar suas ideias em prática e contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas e minimizar os impactos negativos do descarte inadequado de resíduos. O meio ambiente agradece e a logística tem muito a ganhar com esse processo!

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